Entrevista para GQ Brasil


“O que eu gosto do Brasil? Jiu Jitsu e capoeira! É o máximo!”, diz a GQ Brasil, entre o acender de um cigarro, o ator britânico Tom Hardy, 34 anos. “As mulheres brasileiras também não são nada mal…”, completa logo após a primeira tragada. Hoje, qualquer mulher se arrepiaria com um comentário desses – e por mais de um motivo. É simplesmente Bane, o gran vilan de Batman – O Cavaleiros das Trevas Ressurge falando que “gosta” de brasileiras. Ele vai apertar um dispositivo e afundar o calçadão de Ipanema? “Bane é brutal. Ele é um cara grande e cínico. Seu estilo é pesado e desagradável mesmo. Não é somente em luta que ele está interessado, mas em carnificina. Ele é horrível”, diz Hardy, sem a voz áspera do personagem – para nosso conforto. Mulheres, podem se arrepiar, então, por outros motivos. O ator nunca visitou o país, mas seu amigo, o ator francês Vicent Cassel, tem casa no Brasil e vive convidando-o. Então, quem sabe um dia… Se chegar, será visto como Bane, não tem jeito. Mesmo com a máscara sobre a boca, talvez seja o olhar… Era uma missão difícil ser o vilão depois de Heath Ledger como Coringa, em 2008. Ele se sai bem, apesar da dimensão dos personagens e ritmo do filme serem outros. “Eu sei. Era uma responsabilidade grande. Eu pensei muito nisso, mas sabia que tinha um trabalho a fazer e foi inspirador ter a oportunidade de seguir o trabalho do Heath”, analisa. Bagagem… Tudo se resume a isso e explicamos logo mais.

“Tive sorte de não ter contraído HIV daqueles dias loucos”
Hardy é um nome forte atualmente em Hollywood e vem “comendo pelas beiradas”. Tem uma presença marcante se o papel for bom e ele for bem dirigido. Lá atrás, fez o vilão de um dos filmes da franquia Star Trek, no filme Nêmesis, em 2002. Mas demorou quase 10 anos para ganhar papéis com o mesmo destaque, violentos, como o do prisioneiro mais famoso do Reino Unido, em Bronson (2008), ou o lutador de Vale Tudo, em Guerreiro (2011). Lá atrás, em 2002, era franzino. Agora, como Bane, parece gigante. “Eu não sou um cara muito grande. São os filmes”. OK, acreditamos. Mas o que teria retardado sua escalada para o sucesso? Bem… Sabemos. O crack e o álcool. Na Inglaterra todos sabem de seu passado e lembram-se dele, em 2003, quando foi encontrado desmaiado no Soho de Londres após uma overdose de crack. “Eu não tenho de procurar em outros lugares para desenvolver algumas emoções de alguns dos personagens, pois eu posso tirar da minha própria história. Eu tive sorte de não ter contraído HIV ou hepatite daqueles dias loucos. Mas eu parei aos 25 anos”, explica o ator sem aquele verniz de quem está em Hollywood e precisa impedir que certos assuntos venham a mesa. Ele está limpo há nove anos.

O próximo James Bond?
No papo com GQ Brasil, Hardy parece mais magro que de costume. Deve ter uma dieta de mesomorfo, que consegue aumentar ou diminuir seu peso a hora que quer. O mini rabo de cavalo ajuda a não ficarmos nem um pouco com medo do vilão Bane versão “real life”. Ele poderia trabalhar com um diretor brasileiro, em um bom filme realista e com violência, pensamos… “Imediatamente se possível (risos). Eu assisti Ônibus 174 e Cidade dos Homens. Esses filmes me lembraram muito o estilo de atuação dos anos 70. Muito viril e energético. É uma energia muito similar às produções francesas e sul africanas”, compara. “Eu gosto da paixão de viver que o Brasil tem. Está na capoeira, na dança e nas pessoas. Aliás adoro capoeira, mas sou péssimo”, confessa. Hardy diz que gostaria de fazer um filme old school no Brasil, estilo anos 60, de espionagem. “James Bond no Brasil, talvez! Eles já fizeram, certo? Então eu faria de novo!”, diz, lembrando de 007 Contra o Foguete da Morte, rodado em 1979 no país. E sim, Tom Hardy é britânico, parece um Daniel Craig mais jovem e a franquia é notória por escolher seus atores quando eles já estão quase batendo nos 40. Há chances…

“Estou preparado para cortar o meu pênis”
“Os papéis violentos me atraem”, diz. Ele não sabe bem o motivo, acha que talvez seja pela passionalidade e energia, por falarem o que pensam, por se machucarem e terem obstáculos a atravessar. “Eu não tenho medo de ficar esterotipado em Hollywood. Estes são os personagens que me são oferecidos no momento, mas claro que eu adoraria fazer algo diferente, tipo uma comédia romântica com a Jennifer Aninston, sabe?”, diz. Um papel recente mais ou menos nessa linha, em Guerra é Guerra!, com Reese Witherspoon, se mostrou meio tiro n’água. “Todos os meus personagens são engraçados de alguma maneira. Bronson tinha algum humor. Bob, de RocknRolla, e Eames, de A Origem, também. E Max, do próximo Mad Max, também terá graça. Não um humor de dar gargalhadas, mas eles acabam se tornando engraçados por causa da situação”. Sim, ele vai ter mais isso no currículo, a nova largada na franquia Mad Max, ao lado de Charlize Theron. Ele gostaria de fazer um papel como o de Hugh Grant fez em Um Grande Garoto, de 2002, mas, sinceramente, gostaríamos que continuasse com os mais violentos. “Eles não estão me convidando para isso agora, também, então eu tenho de esperar. Eles não sabem que eu posso fazer graça. O dia que souberem… Eu estou procurando por filmes engraçados!”, concorda, em termos, e ainda olhando para seu agente, como uma dica. Lógico que ele não vai nem dar bola para Hardy. “Eu estava escrevendo um filme, há algum tempo atrás, chamado The Other, algo totalmente diferente do que já fiz. Eu iria me tornar uma mulher. Estou preparado para cortar o meu pênis (risos). Na verdade eu iria ter uma dublê com um incrível corpo e minha cabeça seria inserida lá. Mas o projeto não aconteceu”. Thank God pelos agentes e a não oferta de certos trabalhos para certos atores – claro que só pensamos isso, afinal não vamos querer enfrentar alguém que aumenta 12 quilos (de músculos) brincando para interpretar vilões como Bane.

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